«Vamos lá Portugal» incentiva maior articulação do sistema de saúde
Os hospitais privados colaboraram este mês numa reflexão promovida pelo Jornal de Negócios e o Millennium bcp sobre desafios e oportunidades da Saúde no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O contributo essencial dos hospitais privados para o combate à pandemia foi uma ideia bem expressa e consensual.
Oscar Gaspar, presidente da APHP e Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva do Grupo Luz Saúde; mas também Luís Goes Pinheiro, presidente do Conselho de Administração dos SPMS e Paulo Barradas Rebelo, presidente do Grupo Bluepharma participaram, no dia 15 de julho, no ciclo de webtalks «Vamos lá, Portugal!», que procura refletir sobre os pilares do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para debater o tema «Saúde | Que futuro?».
Neste debate, Isabel Vaz frisou que «durante esta pandemia, ficou claro, obviamente e de acordo com a dimensão que o setor tem, que os hospitais privados foram fundamentais também no combate e na ajuda que todo o país teve que dar, no combate à pandemia de COVID19». Para a administradora do grupo Luz Saúde, «ninguém tem dúvidas que foi uma ajuda muitíssimo importante a todos os níveis e em todas as áreas: desde os cuidados primários até aos cuidados mais complexos como sejam os cuidados intensivos». Referiu inclusive o exemplo do Hospital da Luz Lisboa, que chegou a ter perto de 80% da sua capacidade dedicada ao combate à COVID19.
Oscar Gaspar, por sua vez, começou por frisar não existir uma competição, mas apenas o público e o privado, que constituem um sistema de saúde misto. «Às vezes vemos aqui umas guerras de trincheira quando elas não existem, os portugueses não sentem assim o sistema de saúde. Era preferível termos estado no início da pandemia conscientes de que há uma determinada capacidade hospitalar no público, no privado e no social e estávamos todos, absolutamente todos, disponíveis para aquilo que era uma luta nacional contra a COVID19», afirmou o presidente da APHP, em retrospetiva relacionada com a colaboração de todos os setores para o combate à pandemia de COVID19.
Para Oscar Gaspar, «quando isso foi assumido, nomeadamente no início do ano com a 3ª vaga, percebeu-se que funcionava bem e que era perfeitamente possível os hospitais públicos e os hospitais privados funcionarem de forma articulada, haver um diálogo frutuoso entre as ARS’s e os hospitais privados. Nós estivemos na linha da frente sempre e quando o SNS assim o quis».
Em relação à recuperação de consultas e cirurgias atrasadas em função da pandemia, Isabel Vaz considerou que «o SNS está a fazer também o seu caminho, de como é que recupera o tempo que todos nós tivemos que perder» e que «é preciso que as pessoas estejam disponíveis para cooperar naquilo para que são chamadas e para aquilo que os cidadãos precisam».
Mas nem sempre é simples relembrar, a toda a hora, que os hospitais privados estão disponíveis para colaborar, como demonstra o PRR.
«Não há nenhuma parte do PRR dedicada à Saúde, há explicitamente dedicada ao SNS, o que é uma lacuna clara. Se ainda há pouco falávamos que a hospitalização privada representa um terço da capacidade hospitalar de Portugal, que dizer de um plano que só vê o SNS. Está a faltar alguma coisa. Nós entendemos que poderíamos dar aqui um contributo bastante relevante», critica Oscar Gaspar, para quem o sistema deve ser integrado, para não se desperdiçar o enorme potencial de crescimento e de evolução do setor.
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