OMS afirma que a Saúde na Europa está velha e doente
A Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de lançar um relatório que visa a referenciação de políticas e boas práticas europeias em relação aos recursos humanos na área da saúde. Mas o que mais se destaca dos dados apresentados é que os profissionais de saúde na Europa envelhecem a um ritmo preocupante. E os números são especialmente surpreendentes quando se trata de médicos.
Esse é o alerta emitido pela delegação europeia da OMS num relatório histórico publicado em setembro: “Health and care workforce in Europe: time to act”
Com dados fornecidos pelos próprios países, o relatório apresenta o estado dos recursos humanos na saúde na região europeia da OMS, que abrange 53 países.
«Todos os países da Região Europeia da OMS enfrentam graves problemas relacionados com os seus recursos humanos na área da saúde», lê-se no relatório, que tem especial foco nos médicos, enfermeiros, parteiras, dentistas, farmacêuticos e fisioterapeutas.
A OMS/Europa recomenda que todos os países aumentem as oportunidades de formação, recrutamento e retenção de trabalhadores – porque, a curto prazo, diz a OMS, «a situação provavelmente piorará».
«Mais esforços para melhorar a retenção serão necessários para lidar com um aumento esperado de pessoas que abandonam por esgotamento relacionado com a COVID-19, problemas de saúde, idade e insatisfação geral. Esses esforços são fundamentalmente importantes para manter um número de profissionais de saúde suficiente para lidar com o aumento dos atrasos devido à pandemia», escrevem os autores.
A escassez de pessoal, condições de trabalho pouco atraentes e falta de planeamento estratégico podem motivar «consequências terríveis», alerta, em comunicado, Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.
«Todas essas ameaças representam uma bomba-relógio que, se não for tratada, provavelmente levará a maus resultados de saúde em geral, longos tempos de espera para tratamento, muitas mortes evitáveis e potencialmente até o colapso do sistema de saúde» acrescenta Kluge.
A idade (não) é apenas um número
Os recursos humanos europeus na área da saúde estão a envelhecer, e os números são especialmente surpreendentes quando se trata de médicos.
Em 13 dos 44 países com dados disponíveis, pelo menos 40% dos médicos têm 55 anos ou mais. Em Portugal, porém, apenas 28,6% dos médicos têm mais de 55 anos.
Em comparação, dos 36 países com esses dados para enfermeiros, apenas quatro nações têm 40% destes profissionais com 55 anos ou mais. Em Portugal, os enfermeiros maiores de 55 anos são 13,1%.
Portugal pode ser, contudo, uma vítima do maior envelhecimento dos quadros europeus da saúde, assistindo já a crescente emigração dos seus profissionais.
O relatório
O trabalho foi apresentado como um contributo da OMS para auxiliar os países europeus a mitigar os «graves constrangimentos» que, atualmente, enfrentam nesta área. A escassez, desequilíbrios, incompatibilidades entre modelos de formação de recursos humanos e necessidades de saúde e problemáticas com a produtividade são as principais preocupações da OMS neste relatório regional.
Para a OMS «a capacidade de os sistemas de saúde terem um bom desempenho e responderem adequadamente aos novos desafios que enfrentam é fortemente influenciada pela disponibilidade de profissionais de saúde com habilitações relevantes, em número suficiente, localizados onde são necessários e trabalhando num ambiente que os motive e envolva».
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