Subida acentuada da inflação preocupa empresas da saúde
Em artigo de opinião publicado no Dinheiro Vivo, a 23 de julho, o presidente da CIP recomendava um olhar atento sobre os resultados do último inquérito às empresas no quadro do projeto Sinais Vitais, desenvolvido pela CIP em colaboração com o Future CastLab do ISCTE. Porquê? Porque aí se revela que 86% das empresas indicaram o aumento dos custos como um dos seus dois principais constrangimentos.
O estudo expõe que para mais de metade das empresas (56%) o aumento nos custos operacionais (incluindo matérias-primas, energia, mão-de-obra, transportes) foi, desde o início do ano, superior a 15%. E que, por outro lado, 46% das empresas repercutiram menos de metade do acréscimo de custos nos preços de venda.
A taxa de inflação tem vindo a aumentar de forma significativa e levanta muitas preocupações em Portugal e na Europa, com particular destaque para o setor da saúde, com as empresas a confrontarem-se com um sistemático acréscimo de custos.
Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, o índice de preços no consumidor registava um aumento de 8,7% em junho.
Já em fevereiro, o Conselho Estratégico Nacional de Saúde da Saúde da CIP alertara para a continuada subida do preço dos fatores de produção, bem como para a necessidade de manter condições de funcionamento das empresas que não ponham em causa o regular abastecimento e provisão de bens de saúde nem as condições de sustentabilidade dos operadores.
No início de julho, Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) alertou para a necessidade de acautelar rutura de abastecimento de dispositivos como próteses ou pacemakers devido ao crescente aumento dos custos de produção e transporte. Reivindicou igualmente alívios fiscais, nomeadamente na contribuição extraordinária sobre os fornecedores de dispositivos médicos.
«Dada a gravidade da situação e o facto da inflação atingir valores muito elevados e consistentes, entende-se que, em linha com o que já foi estabelecido para as obras públicas, as entidades gestoras de contratos e convenções na área da Saúde atualizem de imediato os respetivos valores de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (excluindo habitação) do INE», afirma Oscar Gaspar, presidente da APHP.
Em França, a congénere da APHP, a Federação da Hospitalização Privada (FHP), assegurou, também este mês, que a inflação tem um impacto considerável sobre o setor hospitalar, privado ou público, e garantiu haver necessidade de um financiamento extraordinário.
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